1 de março de 2011

Entrevistando: Laura Elias


Laura Maria Elias nasceu em Barra Mansa estado do Rio de Janeiro em 1960. Apaixonada por livros, começou ainda criança a rabiscar as primeiras linhas. Cursou Economia, é autora de sucessos como "Crepúsculo Vermelho" e "Lua  Negra", da saga "Red Kings"




Oi Pessoas, hoje inauguro uma nova coluna, a "Entrevistando", e a convidada para inaugurar essa coluna é Laura Elias, a escritora de Crepúsculo Vermelho e Lua Negra (além de trinta outros títulos). Laura é extremamente simpática e acessível, e aceitou responder a todas as perguntas.
Espero que vocês gostem da entrevista e leiam tudinho rs...


Quando você descobriu que queria ser escritora? E qual foi o primeiro livro que você escreveu?
Laura: Esta é uma pergunta que toda vez que eu respondo, fico surpresa, acredita? Eu NUNCA pensei que seria escritora. Apesar de vir de uma família de leitores e escrever desde bem nova, nunca me passou pela cabeça que um dia isso viraria profissão. Acho que sempre fui muito crítica com tudo que fiz e como escritores, pra mim, eram "super-heróis", eu não me achava competente o suficiente pra escrever um livro. Depois de fazer 36 isso parece piada, mas ainda me surpreende. (risos)
Fiz o primeiro livro com 14 anos. Uma aventura policial que envolvia uma galera do colégio. Eu estava na oitava série, então já viu, né? Escrevi sobre a minha realidade.

Quanto tempo em média você demora para finalizar um livro?
Laura: Depende. Os da série Red Kings foram 2 a 3 meses, mas já passei dois anos fazendo 2 ou 3 livros por mês. Muitas vezes levava 1 semana pra cada um.

Quais são os seus autores favoritos?
Laura: São muitos, leio de tudo que você possa imaginar. Tenho predileção por alguns como o Neil Gaiman, Jane Austen, Irving Wallace, Morris West, Agatha Christie. Brasileiros sou fã de carteirinha o Machado de Assis, mas na fase realista, a fase romântica não gosto. Outros que aprecio são Guimarães Rosa, José Lins do Rêgo e Érico Veríssimo. Li estes autores brasileiros desde muito novinha e eles tiveram muita influência sobre minha maneira de escrever, cada um de uma forma diferente. Leio muito livro científico também, principalmente sobre Física. Adoro o Michio Kaku e o Isaac Asimov.

Tem algum livro que você não cansa de reler?
Laura: Orgulho e Preconceito, da Jane Austen e o Memórias Póstumas do Machado de Assis. E aí, você acha que a Capitu traiu o Bentinho ou ele que era louco mesmo?

Conte-nos um pouco como foi a criação da saga Red Kings. De onde veio a inspiração para escrever sobre vampiros?
Laura: Eu recebi o projeto da editora para escrever esta saga com os dois pés atrás. Nunca fui muito apaixonada por vampiros e nunca tinha escrito para adolescentes. Meus outros livros são bem adultos com temáticas diferentes e fiquei meio sem saber se conseguiria encontrar o tom correto para o livro. Daí fui ler a saga da Meyer pra saber do que se tratava e assistir a alguns filmes de vampiros pra entrar no clima, entende? Acabou que eu não quis colocar nada de caixão, fedor e cemitério na história, quis criar uma coisa mais moderna, com uma protagonista fiel a idade que tem, mas com atitude, que fosse mais real, menos alienada da vida. E um "mocinho" que tivesse pegada, né? Aí veio a idéia da música como um personagem, dando o clima, sussurrando idéias além do texto na cabeça do leitor. Acho que ficou legal, né?

Como é o processo de escrita e publicação?
Laura: Posso falar do meu processo, cada autor tem o seu, né? Eu preciso "cozinhar" a coisa um pouco, deixo a idéia do livro passeando na cabeça e espero pra ver o que vai aparecer (risos). Depois faço um rascunhão, uma geral da história com os personagens principais e alguns caminhos que a trama vai seguir. Aí começo a escrever. Muitas vezes estou no capítulo V e pinta uma cena completa que vai acontecer no capítulo X. Aí paro e escrevo tudo em outro arquivo. É meio doido assim mesmo. As vezes apago trechos inteiros e escrevo outra coisa, dou uma parada pra um café e um cigarro (é, sou politicamente incorreta, eu fumo..rs.) e volto pro texto com outras idéias na cabeça. Inspiração é uma coisa totalmente maluca, ela vem em ondas e daí pára do nada e depois volta. E eu vou escrevendo ao sabor das ondas que ela faz.
Depois de terminar o texto, ele vai para a editora que o revisa (ou não, como foi o caso do Crepúsculo Vermelho que saiu cheio de erros para minha tristeza) e editora, ou seja, coloca o livro no formato que tem que ser para rodar na gráfica. Tem uma questão de paginação por cadernos e fora isso tem o processo de registro do texto na BN e do pedido de ISBN, que são aqueles números que aparecem sobre o código de barras no verso do livro. Há também a interferência do editor no texto, o pedido de rever certos trechos, mudá-los, encurtá-los, alongá-los, enfim...(risos). Muita gente acha que escreveu, está pronto, mas isso é um grande engano. Muitas vezes alterações são feitas por insistência do editor e normalmente os títulos são alterados. As editoras colocam nomes que acham que são mais impactantes e eu nem sempre concordo com elas. Tem muito livro cujo título foi estragado pela editora.

Como foi a escolha da capa e a revisão do texto? Você pode opinar ou teve que acatar as decisões da editora?
Laura: No Crepúsculo Vermelho não escolhi nada. Eu havia entregado o texto em Julho e em Novembro recebi um mail dizendo que o livro havia saído. Não  me consultaram pra nada. Quando recebi meus exemplares e vi a edição, chorei de desgosto, mas aí já tinha ido né? O Lua Negra a revisão ficou mais limpa, mas também não passou por aprovação comigo. A capa não foi a que eu gostaria que fosse, mas mantiveram alguns parâmetros, só que acabaram mudando os olhos do Bill e deixando meio puxados pra parecer com o menino do Crepúsculo.
Os dois que saem agora em Fevereiro/Março eu revi o texto da revisora e palpitei nas capas, embora também não goste deste tipo de imagem apelativa, acho que dava pra suavizar um pouco, mas ao menos fui consultada.

O que você acha das comparações de seu livro com a saga Crepúsculo de Stephenie Meyer?
Laura: Acho que são inevitáveis, uma vez que os títulos dos livros são tão parecidos. Eu não ligo pra isso, não. Sei quem sou como escritora, tenho 30 livros publicados e mais outros na fila, não tem porque me aborrecer com isso. Eu queria outros títulos para os livros, mas o editor mudou e aí não tem como não comparar ou achar que são "cola" da Meyer. Isso só muda quando a pessoa lê os livros. Tanto que no primeiro, que é a apresentação dos personagens e da estrutura da trama, quase nem tem vampiros clássicos, né?

O terceiro livro da saga Red Kings já esta pronto? Qual a previsão de lançamento?
Laura: Está pronto, mas sem data de lançamento. Isso agora está na mão da Mythos, não faço idéia do que vai rolar.

Qual o conselho que você daria para novos escritores?
Laura: Sou meio ruim em dar conselhos, mas eu diria o seguinte: leia MUITO sobre TUDO. Abra a cabeça, informe-se, seja antenado com o que rola no mundo em geral. Preste atenção ao que está lendo, ao estilo dos autores, a maneira como constroem seus textos. E observe a vida, as pessoas, as situações sem julgar. Apenas observe para aprender. E não tenha pressa, as coisas nem sempre acontecem no ritmo que a gente gostaria, mas elas acontecem com dedicação, flexibilidade e bom senso. Ainda mais neste ramo, tem que ter muita paciência. (risos)

Como você vê a questão da pirataria? Já passou por isso?
Laura: Já passei e ainda passo. Meus livros estão pirateados pela net toda. Não me incomoda, mas incomoda à editora. Uma coisa é você piratear um livro esgotado, ou publicar algo de domínio público, outra é piratear algo que ainda está sendo vendido. Isso dá processo. Pessoalmente, acho que se o povo está pirateando é porque o livro é legal, ninguém vai digitalizar uma coisa ruim, né? E sempre tem quem compre, quem vai atrás, quem quer ter o livro pra si, então não ligo.
Já recebi muito e-mail de leitores indignados, que denunciavam blogs e sites que digitalizaram os livros, mas nunca comuniquei à editora nem fiz conta. Deixa rolar. Isso faz parte do mundo digital e não creio que seja algo que alguém vá ser capaz de coibir, vem com o pacote da comunicação instantânea.

Quer deixar algum recado para o pessoal?
Laura: Eu quero agradecer à galera que teve paciência de ler até aqui e também convidar todo mundo pra conhecer meu site e blogs, passear por lá e deixar um recado, que é sempre bom demais de ler. Agradecer também à você, sua gentileza e simpatia comigo e a abertura que me proporcionou junto ao pessoal do seu blog. E vou abusar e deixar um pedido: leiam autores brasileiros! Tem tanta gente boa no mercado que vale a pena ser lida, conhecida e divulgada! São vocês, os leitores, que impulsionam as editoras a colocarem a mão na massa e darem vez aos autores brasileiros. Vamos parar de pagar royalties e deixar nossos reais circulando por aqui, né? O país agradece. Beijo carinhoso pra todo mundo.


Muito obrigada Laura, por ser tão sincera nas respostas. Esclarecendo algumas duvidas que creio, muita gente tinha.
Muito sucesso nos novos livros, pode ter certeza que lerei os dois ^^

Para quem quiser conferir as resenhas dos livros de Laura Elias aqui no Livros e blablablá, é só clicar nos títulos abaixo:

Beijocas enormes, e não deixem de comentar *-*

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Juliana Sutti